O município de Itacaré, na Bahia, vivencia uma série de transformações sócio-espaciais advindas da inserção do turismo, como o incremento do processo de urbanização, que acontece não só como uma mudança na estrutura demográfica, mas também com uma conseqüente expansão dos espaços urbanizados.
Além da expansão urbana, foi possível reconhecer uma segregação sócio-espacial subjacente ao processo, estabelecida por uma produção de espaços turísticos exclusivos que são, de certo modo, de uso proibido para quem não pode neles consumir, como boa parte da população local. Os espaços turísticos só podem ser vividos pela população do lugar como local de trabalho, o que estabelece uma alienação social que vai além daquela própria do processo de trabalho, estabelecendo-se também como um estranhamento do trabalhador com o seu próprio lugar, aquele em que nasceu e se criou. Em Itacaré, a produção turística trás consigo contradições, pois apesar de dinamizar a economia local, produz espaços exclusivos que desafiam a ordem política e técnica, no sentido de lidar com a segregação sócio-espacial.Inserida numa região formada em função da produção do cacau, a conhecida região cacaueira da Bahia, o município de Itacaré vivencia uma série de transformações sócio-espaciais advindas da inserção seletiva do turismo na região. Itacaré torna-se destino turístico a partir dos anos 1990, depois de um período de isolamento regional advindo da perda de sua importância como porto cacaueiro, nos anos 1950-60, provocada fundamentalmente pela ampliação e melhoria das ligações terrestres entre o interior da região e o então modernizado porto de Ilhéus, com o qual competia desde os primórdios da implantação do cacau na região. Isolamento geográfico que só se rompeu no final dos anos 1990 com a pavimentação da rodovia BA-OO1, a “estrada-parque” que liga Ilhéus à Itacaré, uma obra idealizada, financiada e realizada em função de políticas de desenvolvimento regional com base no turismo.
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